7 de março de 2010

Mulher na Sociedade Sustentável

Por Amyra El Khalili*

Fonte da Imagem: Blog SOS Rios do Brasil













No dia 08 de Março comemoramos o “Dia Internacional da Mulher”. Neste mesmo mês, no “dia 22 de Março”, comemoramos o “Dia Internacional das Águas”.

O “Dia 08 de Março” é uma data significativa que diferentemente do dia dos namorados, ao invés de presenteá-las com flores, CD Roms, chocolates e cartões de amor, pensamos o quanto as mulheres têm feito no mundo pela questão de gênero (equidade entre os sexos) e tantas outras questões.

Nesta data os movimentos feministas costumam registrar seus manifestos, proposições e reivindicações, pois os olhares da mídia e da sociedade estão atentos ao tema. Mais do que uma bandeira do movimento feminista, tem sido motivo de mobilizações em prol de um mundo que possa reconhecer o papel da mulher em todas as frentes econômico, políticas, sócio-educacional e ambientais.

Pensamos sempre na mulher como um ser que dá a vida a outros seres, e responsável por carregar no ventre essas vidas, bem como educar, lavar, passar e cozinhar, além é claro, de trabalhar fora de casa. Há as que trabalham dentro de casa também nesta dupla jornada, ainda convivem com os conflitos de identidade do parceiro, que muitas vezes não consegue acompanhar a evolução das mulheres empoderadas, seja como profissional remunerada alcançando cargos e salários, seja como uma mulher independente financeiramente, e que pode a qualquer momento livrar-se do paradigma de casamentos por dependências ou imposições sociais.

O que falamos aqui esta sacramentado em diversas teses, debates e artigos, mas o objetivo desta conferência não é repetir o que sabemos de cor, mas iniciar uma discussão para nos conhecermos melhor intimamente enquanto mulheres que somos numa perspectiva ambiental.

Hoje a questão ambiental superou o tabu nos mesmos enfrentamentos e conflitos que fora a questão de gênero. A questão étnica também não ficou atrás da questão religiosa, das questões de guerra e paz. Na realidade todas essas “questões” estão interligadas por que dizem respeito ao mundo em que vivemos e o mundo que queremos.

Não somos seres dissociados desta realidade, pois usamos água, consumimos energia, respiramos igualmente o mesmo ar que todos respiram e se uma bomba cair sobre nossas cabeças neste espaço em que nos encontramos agora, não escolherá se é negra, branca, amarela, índia, palestina ou judia. Muito menos nos selecionará por sexualidade, crença ou religião.

É claro que existem focos de conflitos direcionados, e que atingem pessoas e as discriminas por suas identidades, formação étnica e opção religiosa, mas o que atinge o outro me atinge, gerando impacto em minha vida. Sofremos com isso, e muitas vezes nem percebemos de onde vem todo esse sofrimento. Para aqueles que têm consciência, o impacto é direto. Para os outros inconscientes, o impacto indireto pode até causar danos muitos maiores.

Quando eu sei por que estou sofrendo, é muito mais fácil curar a ferida, mas quando não sei por que estou sofrendo, começo a procurar em mim a causa e efeito deste sofrimento e psicologicamente me desequilibro. E assim é o meio ambiente. O meio ambiente sente e responde a uma velocidade maior do que os seres humanos podem imaginar.

As mulheres têm tido um papel relevante nas questões ambientais, quando defendem o direito de água para todos. Que é na verdade a defesa do direito à vida. As mulheres têm se movimentado mais rápido que os homens nas questões sócio-humanitárias, nas mobilizações ambientais por que “sentem” na pele o que significa um meio ambiente doente. Sentem a falta de água, a falta de luz, a falta de um lar num local arejado e sem contaminações. Sentem a falta de uma brisa num dia de calor extremamente abafado, sentem na pele o sofrimento de um companheiro infectado por algum contaminante químico. Sentem a indiferença do poder público quando têm que sustentar o lar sozinhas e quando seus pares ou filhos ficam na cama por conta de uma enfermidade que os impede de trabalhar.

É neste aspecto que gostaríamos de analisar com as mulheres. O que isto significa em suas vidas e como se sentem. Será na interação de suas participações como agentes ativos em uma sociedade plural, que poderemos construir um mundo melhor fazendo com que seus sentimentos e vozes sejam ouvidas.

As mulheres estão revolucionando o mundo como educadoras ambientais, naturalmente que são, por sua formação biológica e sua capacidade de sentir. Porém é importante identificar que estes sentimentos não são exclusivo das mulheres, mas também e principalmente dos homens. Homens paridos, criados e educados por mulheres, que têm em suas essências a “feminística” , ou seja, a mística feminina que todos seres humanos possuem. Talvez seja este o nosso maior desafio: despertar essa mística dos Homens, e permitir que Eles a sintam, com tanta ou mais intensidade que a sentimos.

Portanto os homens são bem vindos em nosso Meio Ambiente para que possamos caminhar juntos, um ao lado do outro – com equidade e respeito às opções de cada um.

Caminhar um ao lado do outro em busca de um mundo melhor que compreenda e respeite o direito as diferenças e a riqueza da biodiversidade (diversidade de vida) em todos os níveis – de todos seres vivos!

O Meio Ambiente e as Águas de Março agradecem!

*Amyra El Khalili

Economista. Idealizadora e Fundadora do Projeto BECE (sigla em inglês) Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais, da Aliança RECOs Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras e do Movimento Mulheres pela P@Z! Professora de pós-graduação e MBA com a disciplina “Economia Socioambiental” em várias Universidades. Indicada para o “Prêmio 1000 Mulheres para o Nobel da Paz” e para o “Prêmio Bertha Lutz”. Autora do e-book "Commodities ambientais em missão de paz. - novo modelo econômico para América Latina e o Caribe. São Paulo, SP: Nova Consciência. 2009. 271 p.
http://lattes.cnpq.br/4833702809090692

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